O perigo da Dieta das Proteínas

Recentemente, vi uma edição de uma revista famosa que aborda assuntos e dicas sobre saúde (porém, sem embasamento científico) e uma das matérias era “Proteína da vez: seca barriga” que aborda a inclusão da proteína no cardápio de quem deseja perder peso. Ao longo do texto, é mencionado brevemente a respeito da recomendação da ingestão proteica, sendo de 1 g de proteína por kg de peso corporal para pessoas sedentárias e 1,4 a 1,8g de proteína por kg de peso corporal para praticantes de atividade física. Dessa maneira, uma mulher sedentária, pesando 55 kg, deve consumir 55 g de proteína por dia. No entanto, a matéria induz o leitor a consumir um cardápio com quantidade acima da recomendação de proteínas e contendo apenas 1100 calorias, além de não considerar a individualidade bioquímica dos indivíduos.

Um dos equívocos da população é a busca por soluções fáceis e rápidas para perder e manter o peso, obtidas por meio de uma alimentação restritiva, ou seja, deficiente em carboidratos, lipídios e, principalmente, vitaminas e minerais.

Existem vários tipos de Dieta das Proteínas, sendo as mais famosas a do Dr. Atkins e a de South Beatch, com algumas diferenças entre elas, entretanto com o mesmo objetivo: a ingestão de alimentos ricos em proteínas e gorduras, cortando carboidratos de qualquer tipo – embora, a Organização Mundial da Saúde faz sérias restrições a ingerir gordura e proteína em excesso. A recomendação mais recente é limitá-las a entre 20 e 30% das calorias diárias.

A proteína é um macronutriente formado a partir de vários aminoácidos unidos entre si. As principais fontes alimentares são de origem animal, ou seja, carnes, ovos, leite e derivados. O excesso de proteínas na alimentação, levam estas a se transformarem em  gordura, e também causam um aumento de substâncias tóxicas ao organismo  (amônia).

Outro fator relevante ao analisar a dieta das proteínas, é o fato de que o  cérebro utiliza os carboidratos como fonte de energia, e, na falta destes, o  corpo promove uma série de reações, onde o pâncreas libera o hormônio glucagon,  para que este aja no tecido adiposo (na gordura depositada no organismo) e assim  no fígado este tecido é transformado em glicose. Bom, se estamos queimando  gordura corporal, vamos emagrecer com essa dieta, não é mesmo? Sim, é verdade, a  dieta fará perder peso. Mas, outro problema desta dieta é que quando apenas a  gordura é utilizada é quebrada para fornecer energia para o cérebro, surgem  substâncias chamadas de corpos cetônicos no organismo e o indivíduo entra em  estado de “cetose”. Isto é, o indivíduo elimina muito destes corpos cetônicos  pela urina (cetonúria) e também pelo ar expirado o que causa um forte mau  hálito. O excesso de corpos cetônicos no organismo podem provocar intoxicação.  Além disso, a falta de glicose no organismo, em casos bem avançados, pode levar  a um coma, que ocorre com muitos diabéticos.

Os opositores alegam ainda que muito do que se perde com esse cardápio hiperprotéico é  água, e água a gente recupera fácil. Entenda: cortar os carboidratos ajuda a desinchar, por conta de insulina, responsável pela retenção de sódio e líquido, ou seja, pelo inchaço. Além disso, por ingerir muita proteína, junto com a água lá se vão na urina sais minerais, como cálcio e potássio. Daí vem o risco de cãibras, pela carência desses minerais, e enfraquecimento dos ossos, por carência de cálcio, além de ser pobre em vitaminas, minerais e fibras porque faltam frutas e verduras. A médio e longo prazo, o organismo pode ficar desnutrido e mais vulnerável a doenças. O perigo para as artérias persiste, já que mais da metade das calorias de uma refeição típica da dieta é gordura saturada (de origem animal), que se transforma em colesterol e entope as artérias. E mais: comer proteínas demais pode sobrecarregar os rins.

Poucos dias após o início de uma dieta da moda, como é o caso da dieta rica em proteínas, o corpo já mostra sinais de estresse: desidratação, hipoglicemia, vômitos, diarreia e dores de cabeça são os sintomas mais comuns. Mesmo assim, muitas pessoas persistem com o plano alimentar, o que aumenta o risco de novas complicações. Estudos apontam que até 59% dos indivíduos que seguem a dieta da proteína tiveram aumento dos níveis de colesterol no sangue. Além disso, outros efeitos foram observados, tais como cálculo renal, infecções recorrentes, hepatite, pancreatite aguda, osteopenia e anemia por deficiência de ferro, podendo chegar até ao óbito.

Além de uma dieta com excesso de proteínas, a reportagem também apresenta um cardápio extremamente insuficiente em calorias para suprir a necessidade energética, de vitaminas e minerais de um adulto, o que agrava ainda mais um possível quadro de deficiência, bastante comum entre a população brasileira e, não raro, entre indivíduos com alteração do peso.

Deve-se considerar também, que ao fazer esse tipo de dieta restritiva, quando a pessoa volta a se alimentar normalmente pode exceder a quantidade de carboidratos  na alimentação, devido ao tempo que ficou privada destes, e acaba engordando  mais que antes da dieta.

Ainda, de acordo com o conceito de individualidade bioquímica proposto pela Nutrição, cardápios prontos estão fadados ao fracasso. Cada indivíduo possui suas hipersensibilidades alimentares, carências nutricionais, aversões e intolerâncias, devendo, portanto, haver uma dieta específica para tratar os desequilíbrios nutricionais de cada paciente.

Assim, não inicie dietas de outras pessoas ou que você leu em revistas. Procure um profissional capacitado, que irá propor o melhor plano alimentar para você.

Nutricionista Bruna Passos

Fontes: http://www.vponline.com.br/blog/?p=175

http://pt.scribd.com/doc/7371624/Dieta-das-proteina-novo-arq

 http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1621503-dieta-da-prote%C3%ADna/

Sobre Bruna Di Chiara Passos

Nutricionista, apaixonada pela profissão que atende em consultório pacientes com variados tipos de objetivos: reeducação alimentar, perda e ganho de peso, nutrição para gestantes, acompanhamento para esportistas, dietas específicas, inclusive para patologias em geral. Formada pela UNIP de São José dos Campos/SP, com cursos de Extensão de Nutrição aplicada a Medicina Estética, Nutrição Materno Infantil, Aproveitamento Integral dos Alimentos, Dietas da Moda e Nutrição na atividade física e no emagrecimento. Além do atendimento em consultório, sou colaboradora da Revista para Diabéticos, editora Online e do site Semlactose, participei de algumas reportagens sobre saúde nos sites IG Ciência e Saúde e UOL Ciência e Saúde, e da revista ABRAMGE (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), também sou colunista do Portal Educação. Este blog é de cunho informativo, para que as pessoas possam ficar ligadas sobre as novidades no ramo da Nutrição. Todos os seguidores são bem vindos e fiquem à vontade de participar. Espero que gostem!! “Os efeitos da presente orientação só serão efetivos quando associados a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudável”.
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4 respostas para O perigo da Dieta das Proteínas

  1. Cristina disse:

    Olá,
    Comecei a dieta ontem (17/01/14), e hoje estou me sentindo enjoada e fraca…
    Voltarei a comer normalmente porém vou substituir o açucar por adoçante, pois já estava me ajudando a emagrecer, mas como eu queria emagrecer mais rapido, optei pela dieta da proteina.
    Vejo que o sacrificio só fará com que eu me sinta mal…
    Existe outras maneiras de emagrecer sem tanto sacrificio… é só adequar a alimentação com exercicios.

    Beijos

    Cris

  2. Pingback: Os riscos de uma dieta rica em proteínas | manjericando

  3. Yasmim disse:

    Fiquei sabendo da dieta por alguns amigos que ja fizeram. Estou no quarto dia da dieta, e logo no segundo dia tive diarréia e hoje pela manhã acordei indisposta e com enjoo, como faço musculação ja senti um desinchaço, porém, estou me sentido fraca e meu rendimento na faculdade diminuiu (nem pude comparecer à aula hoje). Vou procurar uma outra dieta que possa introduzir carboidrados (em menores quantidades). Emagrecer é o meu maior objetivo, mas arriscar minha saúde está fora dos meus planos. A matéria me esclareceu muito. Parabéns à autora.

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